O PARTIDO É O PIG

O discurso do Serra foi tão vazio que, na ausência de conteúdo para divulgar, sobrou para a Cantanhêde afirmar que o tucano fez "uma comparação entre os governos FHC e Lula sob os prismas de conduta, princípios e formas".
Na perspectiva da jornalista “Serra parece estar acertando o seu discurso, ganhando coerência”. O "pós-Lula" acaba de encontrar um slogan: "O Brasil pode mais". Como mensagem subliminar: ok, Lula foi muito bom, mas há muita coisa a ser feita -- e melhor.
A inspiração primeira desse slogan é o “Yes, we can” de Obama. No caso americano, Obama queria dizer: sim os EUA podem fazer diferente e eleger um negro para presidente. Estava em jogo uma mudança cultural. Não era mais uma questão entre Democratas e Republicanos. Era o desejo de viver uma nova era americana. Obama representava o quanto a América estava disposta a mudar. Além disso, o governo Bush estava no fundo do poço. Era um governo impopular e que enfrentava uma grave crise econômica.
O que faz um slogan "pegar" é o contexto. O Brasil vive uma situação totalmente diferente da dos EUA naquela eleição. O Presidente Lula e o seu governo tem elevada popularidade. A crise foi vencida, o país cresce a taxas próximas a 6%a.a gerando recordes de novos empregos e reduzindo as desigualdades de renda. Não há nem um clamor popular por mudança: o Brasil se encontrou e sabe o que pode. Então por que Serra apostou nesse slogan?
Os marqueteiros de Serra acham que podem repetir nas eleições presidencias a estratégia da chapa oposicionista na última eleição da diretoria do Santos Futebol Clube. A chapa “O Santos pode mais” derrotou Marcelo Teixeira que foi presidente entre 2000/2009 e havia conquistado vários títulos para o Clube. Ou seja, o "Yes, we can" da mudança, virou o "Yes we can" da "continuidade melhorada".
Que Partido é esse? O candidato pode ser displicente com o discurso. O partido pode ser negligente com dois esteios importantes de qualquer campanha, o slogan e o jingle. O slogan é a reciclagem da reciclagem e o jimgle foi reeditado da campanha de 2002 para o Governo de São Paulo: "Serra é do bem". Tudo isso demonstra o que já sabíamos, o PSDB não é um partido, é uma sigla. O partido é o PIG. E o PIG de forma competente providenciou para o candidato tucano vários minutos nas telas da Globo, os editorias do Estadão e a cobertura emocionada e festiva da Eliane Cantanhêde na Folha.