quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Chegada (Itajaí Oliveira de Albuquerque)

Cidade de Belém
de altos casarões
de alcovas frescas
azulejada cidade
de largas avenidas
lagartas negras
passadas ao largo
de barracas e baixadas
esquecidas
de mangueiras
oitis e açaizeiros
em anúncio dos galos
desanimados de esperança
em vôos tardos
em quintais de saudades
e são tantas
que noturnas volteiam tontas
fátuas sobre as velas
de um Ver-o-Peso soturno
enquanto o Boeing
seus trens articula
assustando sonhos
que à vida chegam
do outro lado da vista.

Um comentário:

  1. Depois de ler Zoo no Primeiro Andar, na minha infancia, nada me era tão caro, como conhecer Belem, e fui. O Ver-o-Peso foi-me um recanto quase medieval, mariscos a preço de xuxu na horta.
    Nas ruas do centro historico os Boeings ainda não tinha espaventado as fantasias dos verdes sonhos.
    Este belo poema de Itajai retrata muito bem estes encantos!

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