segunda-feira, 19 de abril de 2010

Não se enganem, a luta ainda é contra a ditadura



Nassif tem denunciado de forma permanente a campanha difamatória de Eduardo Graeff na internet: “ Graeff montou uma rede – A Rede PSDB – com pessoas que deram ao seu partido a feição mais indigna que uma organização poderia ter.”

Graeff foi assessor parlamentar e secretário-geral da Presidência da República no governo FHC e, hoje, é do núcleo mais próximo do candidato José Serra. Esse núcleo reúne semanalmente na casa de Andrea Matarazzo. Eles são os estrategistas da campanha.

Em 17/09/2004, Graeff usou a expressão “Ditabranda” para classificar a presidência de Geisel durante a ditadura militar. Na época, apocalíptico, ele previa que o Brasil, governado pelo PT, corria “o risco de que, na falta de defesas eficazes nas instituições políticas e na sociedade, os sinais de deterioração continuem se avolumando até desaguar numa crise política grave. Ou, pior, na configuração de uma "democradura" - um híbrido semelhante, mas com viés histórico oposto, à "ditabranda" do general Geisel.”

Mais tarde, o termo “ditabranda” foi usado pela FSP em editorial no dia 17/02/2009 sobre a vitória do presidente venezuelano, Hugo Chaves, em referendo. Dizia a Folha: “se as chamadas "ditabrandas" - caso do Brasil entre 1964 e 1985- partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça-, o novo autoritarismo latino-americano, inaugurado por Alberto Fujimori no Peru, faz o caminho inverso. O líder eleito mina as instituições e os controles democráticos por dentro, paulatinamente.”

Guillermo O’Donnell e Philippe Schmitter cunharam os termos “ditabranda” e “democraturas”. O primeiro para designar a fase intermediária, e o grau de liberdade política que toleram, entre um regime ditatorial e um regime democrático. E as “democraturas” seriam democracias limitadas onde a competição política ainda seria restrita a poucos grupos confiáveis.

Graeff usa os dois termos na sua manifestação na Folha. Os dois são muito importantes para entender a construção ideológica que o PSDB e o PIG tem tentado disseminar na sociedade brasileira para confrontar o PT e o Governo Lula. Embora, tanto o editor da Folha quanto Graeff atropelem o conceito de O’Donnell e sua validade histórica.

Para a Folha, a expressão “ditabranda” serve como uma luva para traduzir a sua concepção sobre a Ditadura no Brasil, deixar claro que não teme a recuperação de seu passado de alinhamento com o regime autoritário e provocar a sociedade com o “fantasma” de um levante militar caso o Brasil decida radicalizar a o processo democrático.
Ao PSDB interessa porque atrai para si o bloco civil-militar que sustentou a ditadura que , como havia previsto Florestan Fernandes, 30 após o Golpe, ainda não se dissolveu no Brasil. A aproximação com esse bloco histórico data do primeiro mandato FHC quando ele anunciou que encerraria de vez a Era Vargas, coincidentemente a missão histórica da ditadura. O “acerto de contas” que Fernando Henrique anunciou em seu discurso de despedida do Senado, antes de assumir a presidência, era com a era Vargas e não com a ditadura: “eu acredito firmemente que o autoritarismo é uma página virada na História do Brasil. Resta, contudo, um pedaço do nosso passado político que ainda atravanca o presente e retarda o avanço da sociedade. Refiro-me ao legado da Era Vargas — ao seu modelo de desenvolvimento autárquico e ao seu Estado intervencionista.”
Lula, ao contrário, em várias oportunidades recupera o legado de Vargas. Em seu discurso de lançamento do marco regulatório do pré-sal, homenageia “aos que saíram às ruas em todo o páís na campanha "O petróleo é nosso", levando o presidente Vargas a instituir o monopólio estatal do petróleo e a criar a Petrobras. Foi uma batalha travada em condições duríssima. Basta ler os jornais da época, alguns em circulação até hoje, que ridicularizavam a campanha nacionalista. E eu digo: bendito nacionalismo, que permitiu que as riquezas da nação permanecessem em nossas mãos."

Além de recuperar o sentido simbólico da era Vargas, o Governo Lula tem forçado o debate sobre a ditadura e as suas conseqüências para a sociedade brasileira. O exemplo mais recente é o Programa Nacional de Direitos Humanos que prevê a Comissão Nacional da Verdade e a discussão sobre a interpretação da Lei da anistia. Esse debate interessa à democracia. É fundamental para entender a legitimidade dos que lutaram contra a ditadura. É fundamental para combater a infâmia de um segmento da sociedade que quer apagar a ditadura da memória do brasileiro e rever seu significado.






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