domingo, 11 de abril de 2010

O tucano é tão ruim que parece blefe, mas não é.


O discurso tucano é absolutamente genérico, personalista e conservador. Está profundamente pautado pela personalidade e histórico do candidato como deputado e como governador de São Paulo. Enfatizou suas conquistas como parlamentar. Da gestão paulista citou apenas o Rodoanel e até pediu minuto de respeito às vítimas dos desastres ocorridos no RJ, esquecendo daquelas que por igual motivo perderam a vida no estado em que ele governou até semana passada.
O discurso de hoje é muito parecido com o de quando o candidato deixou o governo de São Paulo. Em ambos, aspectos morais como caráter, índole, honra, personalidade, brio profissional, alma, sensibilidade, solidariedade, compromisso e honestidade são evocados. Características pessoais também são citadas: “sou sério, mas não sou sisudo, realista, mas não pessimista. Calmo mas não omisso. Otimista, mas não leviano. Monitor, não centralizador.” Apresenta a si e ao PSDB como protagonista das conquistas dos últimos 25 anos. Como já fez em artigo publicado no Estadão, volta a insinuar que vivemos em um governo totalitário e prega o retorno dos valores democráticos da “Nova República”, na qual teve papel terciário pela presença de Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas.
Na realidade hoje o PSDB não tem nem um partido forte ao seu lado. Ele tenta criar um movimento de apoio a sua candidatura independente de opções partidárias e, para isso, busca desqualificar o Governo Lula no aspecto moral e democrático em tábua rasa. As criticas ao atual governo são pouco concretas: espetaculização, busca da notícia falsa, protagonismo sem substância que alimenta assombrações, ou o senso comum do segmento mais conservador da classe média.
Não é possível saber o que Serra fará como presidente. Há muitos slogans como “O Brasil pode mais”, “o governo como as pessoas têm que ter alma”, “eleição é escolha sobre o futuro”. Porém, nem uma plataforma concreta de governo. Sobram generalidades sobre política econômica, Estado e Governo. A política econômica se resume aos chavões de austeridade, corte de despesas para evitar desperdícios, reduzir custos e fazer mais com o que se tem. O Estado deverá austero, planejador e respeitador do direito de propriedade, com sensibilidade para agir e compensar as desigualdades. Governo de unidade nacional que saberá separar a política da máquina administrativa.
Em contra-ponto, Dilma, no seu discurso como candidata no Congresso do PT, definiu com clareza os pilares do seu programa: 1) crescimento com distribuição de renda, 2) equilíbrio macro-econômico e redução da vulnerabilidade externa, 3) redução das desigualdades regionais, 4)reorganização do Estado, 5) presença soberana no mundo, 6) aperfeiçoamento democrático. Em cada um desses pontos apresentou os avanços que já foram conquistados no Governo Lula e porque o país deve continuar trilhando esses caminhos. Mesmo quando fala de seus valores pessoais, como o fez hoje, politiza o debate: 1) não fujo quando a situação fica difícil. Eu não tenho medo da luta, 2 ) não sou de esmorecer. Estarei velhinha, ao lado dos meus netos, mas lutando sempre pelos meus princípios. Por um País desenvolvido com oportunidades para todos, com renda e mobilidade social, soberano e democrático; 3) não apelo. Minhas críticas serão duras, mas serão políticas e civilizadas, 4) não traio o povo brasileiro. O povo brasleiro é a minha bússola, 5) não entrego o meu país. O estado deve estar a serviço do interesse nacional e da emancipação do povo brasileiro, 6) respeito aos movimentos sociais. E concluiu: Democracia é voto, é opinião. Mas democracia é também conquista de direitos e oportunidades. O que estamos fazendo no governo Lula e continuaremos fazendo é garantir que todos sejam ouvidos.

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